quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A CIGARRA E A ROSA ( Conto)




Despontava o sol no jardim da Primavera. A natureza acordava, e com ela: árvores; plantas, flores, e até as ervas daninhas. Assim como toda a bicharada, que por ali reinava!
Surge a cigarra ainda meia ensonada:
- Que lindo dia está hoje! Vou começar já a cantar! Não vá o tempo mudar! E eu ter de me calar! – Disse a Cigarra – E começou a cantar!
Entretanto a roseira branca espreguiçava-se para cima de um arvoredo onde estava recostada. Sorvia todo o orvalho pela noite criado que alimentava o seu viço. Suas filhas eram tão aveludadas, que respirava felicidade.
A Cigarra, que o olhar não desviava da roseira...Decidiu meter conversa, com a rosa, com que mais simpatizava
-Bom dia Dona Rosa – Disse a cigarra                                   
-Oh Cigarra, não te cansa, estares todo o dia com essa sinfonia?
-- Pergunta a Rosa com ironia.
-Não! Se estiver a cantar para alguém que tão bem cheira, até me dá alegria – Respondeu a Cigarra.
-Não te cansa cantar! Mas eu já me cansei de te ouvir! Prefiro escutar o musicado das aves a chilrearem – Disse a Rosa
A Cigarra ficou admirada da Rosa não a cumprimentar. E mais uma vez insistiu:
-Bom dia Dona Rosa. Já lhe disseram, o quanto é formosa? - Disse a cigarra com ar de galanteio.
- Eu sei que sou muito formosa! Não preciso de elogios de uma Cigarra barulhenta e preguiçosa. - Responde a Rosa muito altiva
A Cigarra ficou triste com a resposta!
- Eu queria a Dona Rosa saudar! Por ser uma Cigarra de educação primorosa. Se sou preguiçosa foi porque Deus quando fez a natureza quis que eu fosse Cigarra e cantadeira. E se não paro de cantar, é para a ver feliz! Disse a cigarra, com a voz trémula.
A Rosa muito agastada com as queixas da mãe roseira. Acusa a cigarra das suas raízes lhe roer.
Esta ficou atrapalhada sem saber o que responder. Perante tal acusação, teria de se defender.
-Mas...Dona Rosa tão vistosa desculpe eu lhe dizer: - Disse a cigarra – Pois, roí a árvore onde a sua mãezinha está encostada! E se lhe roí o pezinho!? Desculpe-me... Jamais o faria por querer! - Disse a Cigarra muito pesarosa.
-Vai-te embora Cigarra, com a tua chiadeira. Passo muito bem sem ti! Sem mim, ninguém passa! Sou rainha do jardim! Sou bela em mesa nobre e até no parapeito da janela. Sou linda de qualquer maneira! Ao contrário de ti, que és feia e grosseira! - Disse a Rosa com crueldade.
A Cigarra ficou de lágrima no olho e triste com a ilusão que criou no seu coração. Ser amiga daquela rosa!
Ia dar-lhe uma lição!
- A Dona flor branca poderá me responder!? Desde quando, é que é uma rosa? Eu, apenas branco estou a ver! As rosas são vermelhas, e não, de cor leitosa! Para uma rosa ser, nem é, coradinha sequer!
-Ou então é a filha mais nova, de uma roseira cansada, que perdeu a cor, por muitos filhos ter! - Disse a Cigarra.
A Rosa começou a chorar...a chorar, até se cansar! Magoada por ver que tinha perdido a beleza, ao ferir a Cigarra que apenas, sua amiga queria ser.
-Perdoa-me Cigarra. Fui feia e invejosa, mas não voltarei a ser!
Tu tens asas, e cantas porque és feliz. Eu estou presa, não tenho liberdade, nem para amigos ter. Sou apenas uma rosa!



Raízes M/Peniche

1 comentário:

  1. Lindo conto!.Está muito bem escrito:. É acessivel a todos os leitores, crianças e adultos. Parabens!.

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