terça-feira, 7 de junho de 2011

ALGO MAIS SOBRE RAÍZES


Nasci e cresci em Peniche de Cima, zona muito pitoresca, e convidativa ao desfrute da natureza, nas horas de lazer. Pois bem, eu sendo a mais nova, seguia as orientações do irmão mais velho, sempre que a mãe estava ausente; os campos de trigo, as largadas de papagaios de papel, as vindimas, o trepar figueiras, a recolha de folhas de amoreira para alimentar os bichos-da-seda e as idas à praia da Papôa para exploração de grutas, escalar rochas ou escarpas – estes passeios, eram condicionados pelo segredo – entre outras brincadeiras; o pino ou jogar ao pião. Tudo era possível, porque Peniche era uma terra muito pequena e os perigos não espreitavam como hoje.

A ida para a escola
Embora não tivesse sido uma aluna brilhante, estive sempre entre as melhores. Fiz um percurso escolar equilibrado, se bem que, meio dividida entre a brincadeira e os deveres pós escolares. A maior dificuldade com que me deparei foi enfrentar o crescimento dos irmãos mais velhos. As brincadeiras que me deleitavam, iam escasseando à medida que eles iam tendo outros interesses. Aqui descobri a minha parte lúdica; esboçar a cara das vizinhas a lápis de carvão em papel almaço.
Foi com muita pena que não fui estudar, - o que viria a fazer já adulta - porém, não perdi o tempo todo a brincar com bonecas, antes pelo contrário.

Foi nesta fase - talvez por despeito – que me agarrei aos livros. Relembro quando nos meus aniversários me perguntavam o que é que eu queria para prenda, a resposta era sempre a mesma: - Quero um livro! Mas…sou eu que escolho! E lá ia eu à papelaria Lopes, comprar mais um livrinho, - até poderia ser usado – que eu devorava ferozmente. Aqui despertou a minha curiosidade para a escrita. Escrevia por tudo e por nada; uma simples folha de árvore morta, ou mesmo uma viagem imaginária, serviam-me de fonte inspiradora. Pintava com verniz das unhas e escrevia o meu Diário – Era moda na época. Com este diário descobri a capacidade para inventar histórias. Pois vejamos: escrevia no meu diário o que fazia, passo a passo. E também escrevia o que me vinha à imaginação. No entanto, deixava entre aspas, uma chamada de atenção para a memória futura dizendo: Gostaria que tivesse sido assim!

Raízes nasceram em mim, quando renasceram em mim outros interesses: as artes! Descobri que podia transformar arame, pano e colas, em figuras de pescadores, rendilheiras, atadeiras e almocreves, o que me fez recuar ao século passado, recordando os trajes, usos e costumes das gentes da minha terra – Optei pela denominação Raízes por elas terem tudo a ver comigo. Retrato os meus antepassados em pano e no papel, quando escrevo sobre o mar, os pescadores e as minhas raízes

Raízes M /Peniche.

1 comentário:

  1. Benvinda à comunidade dos bloguers! Ansiamos por novas publicações! Felicidades !!

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